“Mãezona do CV” e “Ogro” vão a Júri Popular em Ouro Preto do Oeste pela morte de Douglas Ayalla
Segundo a investigação, a vítima violou “estatuto” da facção ao gravar um vídeo enfiando um pedaço de madeira no ânus de um usuário de drogas. Ele foi morto, e vídeo do crime e do ato dele foi divulgado após ocrime em grupos de WhatsApp em Ouro Preto do Oeste.
Nesta sexta-feira (06/06), o Tribunal do Júri do Fórum Desembargador Cassio Rodolfo Sbarzi em Ouro Preto do Oeste, coloca no banco dos réus Dulceneia Cruz Teixeira Salomão, a mãezona do CV, 47, e Jean Pereira Leite, conhecido por “Ogro”, ambos são réus presos, acusados de ordenar a execução de Douglas Ayalla Duarth Araújo, aos 24 anos, que era membro da própria facção, o crime ocorreu na madrugada de 10 de dezembro de 2022.
O crime de Douglas Ayalla proporcionou uma cena macabra: um homem identificado por Leandro vulgo “Bolívia” cruzou a cidade com o corpo da vítima em cima de sua própria motocicleta, enrolado em um lençol, e o deixou na avenida Duque de Caxias. Depois, seguiu para Jaru e foi preso com a moto da vítima domingo em uma praça. Ele não matou, apenas desovou o corpo e ficou com a moto.
O corpo de Douglas (à esquerda), foi transportado em sua moto por Leandro (à direita) pelas ruas da cidade e foi deixado na avenida Duque de Caxias
Mãezona do CV será julgada presencialmente, enquanto Ogro será julgado por videoconferência, da unidade penitenciária de Cuiabá-MT, onde se encontra preso. Na época do assassinato de Douglas Ayalla, Ogro estava preso na cadeia pública de Rondonóplis, e de lá ordenou a morte do rapaz.
VÍTIMA ERA FACCIONADO E RECEBEU PUNIÇÃO SEVERA
A investigação conduzida pelo delegado Nikli Locatelli, titular da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Ouro Preto do Oeste, concluiu que Douglas Ayalla foi assassinado por ter violado regras do “estatuto” da facção Comando Vermelho ao gravar um vídeo enfiando um pedaço de madeira no ânus de um usuário de drogas.
O vídeo circulou momentos após a execução circulou em grupo de WhatsApp em Ouro Preto do Oeste com imagens de Douglas introduzindo pedaço de madeira no usuário, e em seguida ele sendo assassinado por disparos de arma de fogo.
Já no vídeo obtido por investigadores da Polícia Civil em degravação do celular de Dulceneia, presa três dias após o crime, os quatro executores que chegaram à casa onde Douglas foi executado pronunciam a frase “aqui é a tropa do Ogro, pode crê mano”, em seguida fazem o sinal da facção CV mostrando o 2 com os dedos.
A moto de Douglas foi apreendida em Jaru com Leandro que dormia numa praça quando a PM o abordou.
A investigação no celular mostrou que Dulceneia enviou mensagem pedindo para o sobrinho dela menor de idade enviar o vídeo do assassinato, e quando recebeu as imagens também comemorou escrevendo: “Nossa, se fudeu safado”. Ela também é acusada de emprestar o revólver a pedido de Ogro e autorizar esse sobrinho menor à época a ir ao local do assassinato gravar o crime e enviar o vídeo- vai responder no julgamento por corrupção de menores.
FACCIONADOS NO BANCO DOS RÉUS
últimos quatro anos de trabalho dedicados ao combate de facções criminosas que insistem em praticar crimes na Comarca. Nesses 4 anos mais de 40 pessoas foram indiciadas por integrar facção criminosas em Ouro Preto.
O trabalho desenvolvido em parceria com a Polícia Militar e Polícia Penal resultou em 3 (três) grandes operações policiais no período: Operação Narco Ouro Preto, Veredito Final e La Casa de Papel, prendendo quase 40 (quarenta) pessoas, além de apreensões drogas e armas. A “Casa da Morte”, como ficou conhecida uma residência tomada por uma facção e onde ocorreram quatro assassinatos em 1 ano, foi demolida. Autores daqueles crimes irão a julgamento ainda neste mês.
“Para mantermos a cidade em ordem e repassar a sensação de segurança pública à população, o trabalho de inteligência foi intensificado. Embora silencioso e imperceptível aos olhos do cidadão comum, ele é feito diariamente de forma árdua por todos os profissionais da segurança pública e Ministério Público. Um bom resultado só pode ser alcançado quando há proximidade entre a polícia e comunidade. É isso que temos visto na nossa região nos últimos anos”, pontuou o delegado Niki Locatelli, titular da Delegacia de Ouro Preto do Oeste/RO.
Em abril, houve o julgamento de 17 (dezessete) acusados de integrar organização criminosa armada no âmbito da Operação Veredito Final, cujas penas podem chegar a 12 (doze) anos de prisão.
“O trabalho de inteligência irá continuar e a gente conta com a confiança e denúncias da população para que a segurança pública da nossa cidade continue fortalecida. O cidadão pode nos procurar diretamente na delegacia ou ligar nos telefones 197 e 190 que sua identidade será preservada”, destacou o delegado.
Fonte: Correio Central