Produtores de leite de Rondominas com cheque sem fundo registram enxurrada de ocorrências na polícia em Ouro Preto do Oeste
Temendo o calote, agricultores que forneceram leite e não receberam trouxeram cheques na Delegacia Civil
Passados quase oito meses do fechamento em Rondominas, distrito de Ouro Preto do Oeste, da empresa laticinista Paris – Indústria de Laticínios LTDA, um grupo numeroso de fornecedores de leite in natura procuraram a Delegacia de Polícia Civil na UNISP, em Ouro Preto, para registar queixa pelo não recebimento até hoje de cheques sem fundo.
Somente nesta segunda-feira (16), a Polícia Civil registrou mais de 10 ocorrências, a maioria de denúncias de cheque sem fundo e possível estelionato. O delegado Niki Locatelli, titular na UNISP, explica como será o procedimento pela Polícia Judiciária:
“O estelionato tem uma linha tênue com desacordo comercial, então se houver representação essa ocorrência de estelionato a polícia vai pra ver se realmente foi uma fraude, ou se foi apenas uma falência, um desacordo comercial. Então é nesse sentido que a polícia vai trabalhar”, antecipa o delegado.
Na última quinzena de janeiro, o laticínio de Rondominas parou suas atividades e já no final do mesmo dia a localidade estava cheia de produtores rurais relatando entre outros, problema de cheque não compensado.
No mesmo dia, um caminhão baú ¾ da empresa foi retirado do pátio por produtores que fornecem maior quantidade de leite, outro caminhão da empresa permaneceu no pátio. Já os produtores que tinham créditos de valores menores, de R$ 5 mil e até de R$ 25 mil, de posse de folhas de cheques acreditaram que iriam receber. Até ontem, nada.
A indústria de laticínio pertence a dois irmãos de São Paulo, com nome de uma dupla famosa. Quando parou as atividades, empresa captava média de 120 mil litros diários.
Calculando por essa média são 3 milhões de litros/mês, quantidade que daria para produzir até 300 toneladas de queijo por mês, gerando um faturamento de aproximadamente R$ 9 milhões para a bacia leiteira regional e do estado.
O laticínio tinha em torno de 70 funcionários, e ao menos duas dezenas de freteiros que trabalhavam com caminhão granel fazendo a coleta de leite em várias de regiões do estado. O fechamento da empresa no distrito que conta com aproximadamente 5 mil habitantes afetou diretamente a economia de Ouro Preto do Oeste.
Mesmo mergulhados em incertezas, os produtores fornecedores de leite aguardaram por meses, e agora uma romaria de agricultores está recorrendo à Justiça para receber. Um morador de Rondominas, disse que os proprietários foram embora da cidade, retornaram para São Paulo.