Pais denunciam crime de cyberbullying em escola pública de Ouro Preto do Oeste
Polícia Civil iniciou investigação e apura as denúncias. Pai de uma das adolescentes vítimas das agressões e difamações, relatou ontem que sua filha não quer sair do quarto, não quer ir à escola e está entrando em estado de depressão.
Pais de adolescentes, estudantes de uma escola pública de Ouro Preto do Oeste, foram à Delegacia de Polícia Civil de Ouro Preto do Oeste nesta segunda-feira (02/12) para registrar ocorrências de Intimidação sistemática virtual contra meninas que estudam na instituição, todas menores de idade, que se enquadra em crime de cyberbullying.
De acordo com a denúncia, as vítimas são estudantes na Escola Joaquim de Lima Avelino. Os pais das garotas registraram queixa que foi criada uma página de Instagram privada, denominada “FOFOCA 24 POR 48” com a finalidade de expor ‘fofocas” de alunos da escola.
No entanto, as postagens de integrantes dessa página evoluíram para expressões de cunho pessoal com exposição de intimidade das vítimas, as publicações na rede social causam grave agressão e ofensas constrangedoras de cunho moral e psicológico nas adolescentes.
Se valendo do anonimato no ambiente virtual, os autores dessa prática criminosa já estariam há dois meses postando notas com intuito de promover perseguição, humilhação, intimidação e difamação sistêmica contra as estudantes. Achando que vão se livrar de serem identificados, os mentores da página postam conteúdos e apagam a cada 24 horas.
De acordo com o pai de uma das adolescentes, a situação se tornou insustentável, e sua filha já não quer sair do quarto, não está se alimentando e não quer ir à escola, devido ao cyberbullying que vem sendo praticado na página “fofoca 24 por 48”.
“O que tá acontecendo é que formaram essa página de fofoquinha e andam postando asneiras e mentiras da minha filha, e de filhas de um monte de gente aqui da cidade, todas menor de idade, disse o pai, revoltado e, ao mesmo tempo, preocupado com a saúde mental da menina.
“Minha filha está quase entrando em depressão, já não dorme, postaram que ela anda transando por dinheiro, ela só tem 15 anos e não sai de casa. Estão falando da vida de mulheres casadas, de filhas dos outros. Eles publicam e apaga, publicam e apaga”, desabafou.
A reportagem do Correio Central teve acesso a vários prints de cunho sexual extremamente agressivos, com insinuações de supostos vídeos de garotas em cenas de orgia. A reportagem também conferiu prints de injuria relacionada ao peso corporal, que caracteriza crime de gordofobia – Art. 140, CP.
A Polícia Civil informou que o caso já está sendo apurado, e que partir do registro da ocorrência policial a Polícia Judiciária rondoniense estará oficiando a Meta, empresa detentora do Instagram, pedindo suspensão da página e ao mesmo tempo requerendo dados cadastrais para tentar identificar o autor, ou autores da página.
A polícia orienta que todos os interessados em contribuir para o fim dessa prática, podem acessar essa página de Instagram fake de denunciá-la, para que o próprio sistema de proteção do Instagram providencie a exclusão.
A polícia tem métodos para chegar aos autores da página denunciada. Em princípio, se configura crime contra a honra (difamação ou injúria). Mas pode evoluir para crimes previstos nos art. 146-A do Código Penal que prevê pena de até 4 anos.
