Eleição em Vale do Paraíso (RO) poderá ter restrições de aglomerações e atos políticos devido a ameaças
Tudo teria começado a partir de áudio de um candidato na cidade, aparentemente descontrolado, ameaçando passar por cima de uma pessoa
Ódio nas redes sociais
O Ministério Público, através da 2ª Promotoria de Justiça da comarca de Ouro Preto do Oeste, reuniu os candidatos e candidatas que disputam a prefeitura do município de Vale do Paraíso, para tratativas relacionadas a necessidade de intervenções do Ministério Público para assegurar a integridade do processo eleitoral, tendo em vista o contexto de graves ameaças entre eleitores/candidatos no Município de Vale do Paraíso/RO, proferidas nas redes sociais.
A Promotora de Justiça Naiara Ames de Castro Lazzari, que conduziu a reunião, comunicou aos presentes que chegou ao conhecimento do Ministério Público notícias das situações eleitorais de graves ameaças e de hostilidade entre os candidatos/ eleitores do Município de Vale do Paraíso/RO.
Em um documento ao final da reunião, elaborado pela Promotora de Justiça Naiara Ames de Castro Gomes Lazzari, assinado por todos os presentes, adverte os candidatos que, em face a essas ameaças poderá haver restrição as aglomerações, atos e reuniões eleitorais, o que possivelmente afetaria até a festa de comemoração dos vencedores, que também poderia hipoteticamente ser restrita no município.
“Se tais práticas e atos persistirem de forma a prejudicar o bom andamento do período eleitoral, segurança e higidez do processo eleitoral, adotará medidas necessárias para garantir a ordem nesse período, incluindo ajuizamento de ação perante a Justiça Eleitoral para a restrição de atos/eventos coletivos de campanha e/ou propaganda, antes e após o dia das eleições, a fim de evitar a desordem no Município de Vale do Paraíso/RO”, diz trecho do documento.
Participaram da reunião na sede do MP além dos candidatos e candidatas, o delegado Niki Locatelli, titular da UNISP, o comandante da Polícia Militar em Ouro Preto do Oeste, major PM Gladson Pagoto Silvestre e sargento PM Prates, comandante da PM em Vale do Paraíso.
Durante a reunião no MP, o delegado Niki Locatelli informou que estão sendo promovidas as medidas que as circunstâncias exigem em conjunto com a Polícia Federal para correta capitulação legal e lavratura do Termo Circunstanciado acerca de áudios/vídeos/condutas que configurem desordem eleitoral.
Ainda segundo o delegado, a Polícia Civil está acompanhando a situação e fará a investigação pertinente sempre que chegar ao seu conhecimento condutas que configurem infração penal e eleitoral, bem como encaminhará ao MP as informações de que tiver conhecimento a respeito dessa situação.
TROCA DE AMEAÇAS, OFENSAS E EXPOSIÇÃO ALHEIA
O município, com população estimada em 6.843 habitantes pelo IBGE em 2024, tem um histórico de racha político iniciado a partir das eleições de 2020.
Vale do Paraíso, distante a 36 km de Ouro Preto do Oeste, tem quatro postulantes ao cargo de prefeito: Poliana Gasqui Perreta, atual Prefeita de Vale do Paraíso e candidata à reeleição pelo União Brasil; Charles Luis Pinheiro Gomes, do PSD; Liu Guimarães, pelo MDB e professora Silvia, do Partido dos Trabalhadores. 60 candidatos disputam as nove vagas de vereador na Câmara Municipal.
O jornal Correio apurou junto a moradores e pessoas envolvidas no pleito eleitoral, quais seriam os assuntos que motivam ódio nas redes sociais nas eleições deste ano.
Os dois primeiros áudios que estimularam as postagens de ódio, mostram um então pré-candidato a prefeito falando para um vereador e acusando um correligionário da cidade de oferecer R$ 10 mil para uma mulher desistir da candidatura, e de dissuadir outra mulher e pessoas com oferta de dinheiro, e finaliza dizendo que vai passar por cima desse fi.... da .,,,”.
Em resposta a baixaria do agora candidato, a pessoa ofendida responde: “manda ele falar comigo que eu quero enfiar aquela '765' até o talo na cara dele”.
A reportagem apurou que uma das candidatas mulheres estaria sofrendo violência de gênero. A proliferação de ameaças e ofensas estariam partindo de um grupo de WhatsApp com quase um mil inscritos na cidade de Vale do Paraíso, grupo de WhatsApp do distrito de Santa Rosa e grupo criado em uma linha vicinal do município.
Na última semana, informou uma fonte, um dos grupos teria promovido a exposição de uma familiar de um candidato, em suposto caso de traição. A reportagem não confirmou tal prospecção que afeta pessoas.
Nessa situação protocolar do Ministério Público que demandou a investigação por parte da Polícia Civil e Polícia Federal, é prudente que os administradores de grupos em redes sociais também fiquem com a “barba de molho”, pois os mesmos poderão responder pela prospecção de ameaças e propagação de ódio no período eleitoral.
