Laudo mostra que borracheiro preso em Ouro Preto no réveillon apanhou antes de lesionar jovem
Borracheiro que feriu jovem com canivete estava trabalhando assando espetinho no ponto de lanches ao lado, os jovens não estavam passando, eles chegaram antes da virada de ano e estacionaram um carro, inclusive estavam fumando narguilé e pediram tomada. O homem continua preso e a família contesta versão do grupo de jovens que reside em Ji-Paraná
O borracheiro Elcio Vitorino, 47 anos, preso pela Polícia Militar em Ouro Preto do Oeste na quarta-feira (01/01) da semana passada, da festa do réveillon, após golpear um jovem de jovem de 19 anos com um canivete em frente à sua residência - que fica nos fundos da borracharia - e ter sido flagranteado por homicídio tentado, continua preso na Casa de Detenção da cidade devido ao fato de o juiz plantonista ter decretado sua prisão preventiva.
A mulher de Elcio, que batalha para soltar seu marido da prisão, conversou com a reportagem do Jornal Correio Central e contou uma versão totalmente diferente do que foi registrado na ocorrência da madrugada da virada de ano.
“Eu ‘tô’ aqui em casa sozinha com meus dois filhos, meu marido tá preso e ele não fez o que disseram, o Elcio estava trabalhando assando espetinho na lanchonete ao lado de nossa casa, foram todos pra cima dele e ele apanhou muito antes de reagir”, desabafou a esposa de Elcio.
Os rapazes disseram aos policiais que passavam pela frente da casa, enquanto a mulher de Elcio garantiu que eles chegaram no local antes da queima de fogos, estavam usando narguilé e chegaram a solicitar uma tomada para o borracheiro.
Carteira com essência para narguilé deixada no espaço da borracharia pelos jovens - FOTO CORREIO CENTRAL
O advogado de defesa de Elcio, Alexandre Hoffmann, entrou com pedido de relaxamento da prisão do acusado, e na justificativa apresentou o laudo de exame de corpo de delito constando que Elcio sofreu várias lesões no rosto, corte na boca, hematoma roxo em um olho pelos golpes disferidos pela suposta vítima e seus colegas. Ele estava levando socos e chutes quando sacou de um canivete e riscou contra o jovem, o objeto não tem ponta, o borracheiro utiliza no seu dia-a-dia.
A lesão corporal com emprego de objeto cortante ocorreu por volta de 3 horas da madrugada na Rua dos Seringueiros, bem próximo à esquina com a Avenida Daniel, onde uma grande concentração de pessoas curtindo a virada de ano. Após ser lesionada, a vítima identificada por Murilo Henrique Fidelis, que mora em Ji-Paraná, foi socorrida para o Hospital Municipal, e ficou em observação.
O canivete usado pelo borracheiro não tem ponta, ele usa no seu dia-a-dia.
O autor do crime de homicídio tentado, Elcio Vitorino, foi detido por uma equipe da Força Tática que dava apoio ao policiamento na cidade, e justificou a agressão alegando que o grupo de jovens se aproximou de sua residência, que fica nos fundos da borracharia, e após ele pedir um cigarro pra um dos rapazes ficaram promovendo insultos, e que em dado momento teria sido agredido pelos jovens e agiu em legitima defesa.
A defesa de Elcio citou no documento remetido à Justiça que, “por outro lado, as testemunhas mencionadas na ocorrência policial, são todas colegas/amigos da suposta vítima, logo a versão por eles apresentadas à autoridade policial, deve ser mitigado, já que eles também agrediram o acusado”.
O jovem lesionado, e as testemunhas que o acompanhavam incluindo uma jovem, negaram a versão de Elcio e foi dito aos PMs que eles apenas passavam em frente à residência e Elcio teria solicitado um cigarro, e diante da resposta negativa ele teria ficado agressivo, começou a chutar os jovens e utilizando um canivete desferiu um golpe na nuca do jovem.
Os fatos ocorreram no local de trabalho do acusado, ao lado de sua residência. Na defesa, o advogado mencionou que o acusado estava trabalhando no “espetinho” ao lado de sua residência, onde também possui uma borracharia. O grupo que estava com a suposta vítima passou a desferir ofensas contra o acusado, por este ter pedido um cigarro.
Em momento continuo o acusado e vítima entraram em luta corporal, sendo que o acusado foi golpeado com um soco no olho e outro na boca que causaram as lesões descritas no laudo. Para se defender, ele sacou o canivete (sem ponta) que havia no bolso, para legitimamente se defender.
Trata-se de canivete com baixa letalidade, sem ponta, comumente utilizado diariamente no trabalho do acusado. A reação foi proporcional, tanto que cessou com a primeira lesão sofrida pela suposta vítima.
Por fim, a defesa argumentou que o acusado não tinha intenção de ferir a suposta vítima, mas tão somente se defender, tanto que desferiu somente um golpe, quando poderia ter desferido outros, até mesmo com mais gravidade, caso fosse essa sua intenção. Depois do ocorrido, o acusado entrou em sua residência para lavar o rosto, devido às lesões no olho e lábio, e lá permaneceu até a chegada da polícia militar.
O delegado Niki Locatelli, em contato com o jornal, informou que vai solicitar imagens de câmeras instaladas próximas de onde ocorreu o fato para obter registros do momento da briga.
